LOUCA, PERIGOSA E INCENDIÁRIA


Numa década Cristina viu a sua vida chegar ao mais profundo dos abismos, onde chegou a ser considerada como louca…

Destruída em todos os sentidos, a vida de Cristina era o equivalente a uma rua sem saída. “Sofria de uma grave depressão, que começou após a morte do meu pai num acidente. Consequentemente, tornei-me uma pessoa muito agressiva e com vontade de me matar. Passava a noite a chorar e tinha muitas discussões e até agressões físicas em casa. Cheguei mesmo a ter vontade de matar o meu marido e os meus filhos. Odiava os meus filhos porque achava que eles eram os culpados de todo o meu sofrimento e de o meu marido já não me ligar mais”,

SEM VALOR. Depois, passou a haver traição e o meu marido passou a desprezar-me, o que me fez desvalorizar-me ainda mais. De um dia para o outro, comecei a ter desmaios constantes e ficava muito violenta em casa, chegando ao ponto de terem de chamar a polícia e uma ambulância para me levarem para o hospital para a psiquiatria. Eu sabia que tinha algo de muito mau no meu interior e já tinha conversado com muitas pessoas, mas ninguém me entendia!.

LOUCA E PERIGOSA. Acabei por ser considerada louca e perigosa e, um dia, cheguei mesmo a colocar fogo na casa. Queria matá-los a todos e morrer juntamente com eles! Quando deram conta do que se tinha passado, chamaram a polícia, levaram-me, amarraram-me a uma cama e era controlada por câmaras. Fiquei numa ala de psiquiatria intensiva, para pessoas consideradas loucas e perigosas. Da segunda vez que saí da psiquiatria, já o fiz com uma faca com a intenção de matar. Chamaram a polícia e fui expulsa de casa pelo tribunal, pois apresentava risco de vida para a minha família. Nessa altura, voltaram a levar-me para a psiquiatria e, durante quatro anos, fui acompanhada por uma psiquiatra, mas nada resolvia. Todos os meses mudavam-me a medicação, mas eu ficava cada vez pior! Também no meu trabalho, tudo corria mal. Pois, lembro-me de pegar numa faca para tentar matar o meu chefe. Tinha tomado toda a medicação para a depressão que tinha comigo e fiquei bloqueada, deitada no chão.Veio a ambulância e levaram-me novamente para o hospital… vivi assim durante 10 anos!

AJUDA NO DESESPERO. Tinha um ódio enorme da minha filha, pois o pai acarinhava-a a ela e não o fazia a mim. Então, o meu marido internou-me no hospital psiquiátrico e abandonou-me lá. Foi aí que tentei o suicídio! Estive três meses sem conseguir trabalhar, nem falar com os meus filhos. Foi nessa altura que falei com Deus. Ao regressar a casa, encontrei um convite do Centro de Ajuda e foi a última porta onde bati. Desde o primeiro dia, senti a mudança em mim. Hoje, sou muito feliz, casei novamente e sou completamente realizada.

                                                                                                                                      Cristina Faria